quarta-feira, 7 de abril de 2010

"Bad news are good news"

Notícia ruim deve ser quadrada? É possível ser criativo, inclusive, no momento de noticiar tragédias? É imoral? Não sejamos hipócritas, é claro e notório que toda manchete de notícia é, no fundo, um grande exercício de marketing e publicidade para conquistar a atenção dos leitores. A capa de hoje do diário Extra é de uma sensibilidade única.


A primeira vez que escutei a expressão "Bad news are good news" (Más notícias são boas notícias) foi na faculdade de jornalismo, na aula de “técnicas de reportagem” dada pelo grande professor Wagner Belmonte, também editor na BandNewsTV. Em termos de comunicação de massa, as notícias mais chamativas são as singulares, que causam diferença, são inusitadas. Tanto, que uma antiga piadinha nas antigas redações define bem este conceito: "Se um cachorro morde um homem, isso não é notícia. Notícia é quando um homem morde um cachorro". Isso não quer dizer que é necessário ser sensacionalista ou gritar na frente da TV pegando carona no “hiperdimensionamento” das tragédias. Certo Datena?

Precisão por água abaixo

Vale a pena observar como as informações sobre o desastre acabam desencontradas na ânsia do furo jornalístico. Na pressa de dar o maior número de informações na frente do concorrente Estadão e Folha divergem sobre o número de vítimas fatais da tragédia:


Quem está com a razão?

Rio (literalmente)

Toda vez que ouço a expressão “águas de março” ouço a voz de Elis Regina cantarolar no subconsciente ♫...São as águas de março fechando o verão e a certeza de vida no meu coração... ♫ Mas... Infelizmente, as águas que deveriam cair em março acabaram desabando ontem, em pleno mês de abril, no Rio de Janeiro, terra de sol borbulhante, provocando uma das maiores tragédias da história da cidade. Nem preciso dizer que absolutamente vários fatores desencadearam este caos. O descaso do governo que não viabiliza estrutura para combater as chuvas, o povo que entope as ruas e os bueiros da cidade de lixo e a própria intensidade recorde da chuva que caiu sobre a cidade maravilhosa.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Pelé da palavra

A crônica esportiva brasileira está de luto. Perdeu para sempre o seu grande maestro Armando Nogueira. Virtuoso e perfeito em todos os fundamentos da escrita. Camisa dez das palavras foi, desde sempre, o mais irresistível estilista dos sentimentos envoltos ao futebol. Quem não consegue enxergar beleza e erudição no futebol, certamente nunca o leu. Armando foi e será para sempre o Machado de Assis dos nossos gramados. E, para quem não sabe, este nobre jornalista natural de Xapuri, no Acre, também foi responsável pela implantação do jornalismo na Rede Globo de Televisão, com destaque para a criação do Jornal Nacional, até hoje, referência absoluta em padrão de telejornalismo no Brasil. Inspirado, certa vez, escreveu sobre Pelé: “Pelé é tão perfeito que se não tivesse nascido gente, teria nascido bola”. Pois é, Armando Nogueira era assim, tão perfeito... Que se não tivesse nascido gente... Teria nascido palavra