segunda-feira, 27 de abril de 2009

O que Nelson diria?

O maior gênio da crônica esportiva brasileira foi Nelson Rodrigues. Na tarde de ontem, no alto do céu, o mestre das palavras e da sensibilidade assistiu os feitos do fenômeno Ronaldo Nazário de Lima na Vila mais famosa do mundo. Na Vila mágica, aquela mesma arena mística, que viu nascer a áurea de um rei de nome Pelé, o maior de todos. Diante de tal espetáculo, se pudesse, Nelson diria:

A bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Foi o que aconteceu: — a pelota não largou Ronaldo, a pelota o farejava e seguia com uma fidelidade de cadelinha ao seu dono. (Sim, amigos: — há na bola uma alma de cachorra.)

No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Ronaldo jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Ronaldo triturava os outros ou, ainda, Ronaldo afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: — a partida foi um show pessoal e intransferível.

E, no entanto, a recuperação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de 34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Ronaldo mostra o seguinte: — o tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à rainha de Sabá, a Cleópatra, uma certidão de nascimento. Do mesmo modo, que importa a nós tenha Ronaldo dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?

No jogo Santos x Corinthians, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no anúncio de sua escalação. Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.


*Trecho adaptado de uma crônica de Nelson Rodrigues intitulada “O craque sem idade”, publicada na Revista Manchete Esportiva, para o jogador Zizinho, que hoje também mora no céu, assim como Nelson.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Amor incondicional



Na última sexta-feira, uma massa de fiéis invadiu as salas de cinema em São Paulo. Filas quilométricas, cânticos fanáticos e camisas alvinegras. Era Sexta-Feira Santa. Portanto, não havia dia mais propicio para o milagre da multiplicação. Afinal de contas, todos queriam ver o “Filme do Timão”.

O mais incrível é o tema. Uma obra sobre a paixão. Da torcida. Para a torcida. É como olhar-se no espelho e sentir a vida pulsando. Aliás... Que amor maluco é esse? Que abnegação é essa? De que planeta veio essa torcida? Talvez de um lugar onde as frustrações de vida são esquecidas a cada 90 minutos de Corinthians?

Ao meu lado um garoto sozinho, retraído e ansioso. Puxei conversa. Desajeitado, após alguns minutos confessou: “Passei horas na fila para garantir o meu ingresso”. Mas por que não comprou antes? “Na verdade, perdi muito tempo correndo atrás de quem me emprestasse o dinheiro para ver este filme”, desabafou.

Por educação, lhe ofereci alguns bombons que comia antes de começar a sessão. Sem vacilar, o “coringão” não recusou nenhum. Naquele momento eu percebi. A satisfação estampada no rosto era a sua única posse. Mas o que importava? Ele estava ali, presente. Acompanhando o seu time, sua maior alegria, talvez o maior anestésico para sua vida sem oportunidades.

Foi ali, naquela sala de cinema, antes de começar a sessão, que constatei pela primeira vez. Que a arte imita a vida. A vida imita a arte. Torcer pelo Corinthians é uma arte. Mas também é vida. É viver pela arte de se apaixonar incondicionalmente. Fielmente. É ser artista na vida dos sonhos. Ser sonhador na arte da bola.

Nunca vou esquecer... Do dia em que o shopping virou estádio e a sessão arquibancada. O bilhete virou ingresso e a tela virou o campo. O apagar da luz soou como o trilar do apito. O operador de cinema virou o arbitro da partida. E eu virei louco como o resto do bando.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O tango do Pibe

No ano passado, em visita a La Paz, o ex-craque argentino Diego Armando Maradona fez campanha contra a FIFA que vetou os jogos em cidades com altitude acima de 2.750 metros.

Ontem, como técnico da Seleção Argentina de Futebol, na mesma altitude de La Paz, viu seu time sofrer o maior vexame da história. A derrota por seis a um para o selecionado Boliviano cai-lhe como um castigo.

“Isso é bobeira. Nossa seleção não sentiu nada na altitude. Não sentiu as pernas, não sentiu os braços e muito menos sentiu a bola nos pés”, poderia ter dito Maradona, ontem.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Que bom seria...


Economia brasileira registra o maior crescimento da história.
Hamas e Israel assinam acordo e decretam o fim do conflito político.
Com novas obras, São Paulo tem média de 5km de congestionamento por dia.
Obama acerta nas medidas para sanar a crise global.
Nível de desemprego é quase zero em todo o País.
Impostos caem e salário aumenta.
Continente africano é o que mais se desenvolveu nos últimos anos.
Após 20 anos, Ricardo Teixeira deixa o poder da CBF.
Há dois anos, Rede Globo não lidera o Ibope.
Timão vence a Libertadores no ano do Centenário.
Bispo Edir Macedo é condenado a 30 anos de prisão.
Nível de escolaridade cresce mais de 200%.
Desmatamento registra queda expressiva.
Melhora a qualidade do ar em São Paulo.



1º de abril