segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma boa rapidinha!

Sim, meu caro freguês. Matei quem estava me matando. Depois de muito tempo de curiosidade, finalmente acabo de ler O Doce Veneno do Escorpião – O diário de uma garota de programa, escrito pela ex-prostituta Raquel Pacheco, a famosa Bruna Surfistinha.

Numa rapidinha, no bom sentido, foram menos de duas horas de uma leitura bem objetiva, sem floreios. Gostei! Acho que o objetivo de mostrar a experiência de vida de uma garota de classe média, que saiu de casa para vender o sexo e tentar a independência, foi concluído com êxito, sem retoques, como deveria ser.

A obra não é burra, é real! Burros são alguns críticos, que posam de “cult”, cujos tive o desprazer de ler a resenha, como sempre faço. Cá para nós, é uma predisposição idiota comparar uma obra de não-ficção, que tem a crueza de um documentário, com literatura.

O livro vendeu mais de 250 mil exemplares. Um assombro. Principalmente para um País com o Brasil, com baixíssimo índice de leitura. Ainda assim, é uma insensatez colocar Machado de Assis no mesmo campo de Bruna Surfistinha.

E sabe de uma coisa freguês? Um dos maiores medos que tenho é perder a sensibilidade e me tornar um polemista barato, um ranzinza convicto, um crítico sem base. Uma metralhadora giratória sem alvo, sem causa, sem-vergonha, como essas por aí.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Boa noite e boa sorte!

Explosões monumentais, disparos ininterruptos e perseguições de tirar o fôlego no melhor estilo hollywoodiano. Aposto, meu caro freguês, que era isso que todos esperavam de um filme dirigido por George Clooney. Ledo engano! Boa noite e boa sorte é uma grata surpresa e destoa-se com louvor dos modelos comerciais aclamados pelo grande público.
A riqueza da produção não está no orçamento (esse reduzido), mas nos detalhes que desnudam a sensibilidade de um cinema alternativo e nem por isso menos belo e oportuno, desde o charme estético do preto e branco aos diálogos firmes e inteligentes.

A trama é baseada em fatos reais e ambientada nos Estados Unidos pós-guerra da década de 50, quando o repórter televisivo Edward R. Murrow resolve combater a perseguição, sem escrúpulos, do Senador Joseph McCarthy, aos “supostos comunistas incrustados no seio da nação americana”.

E melhor do que contemplar a beleza técnica da produção é repensar o valor conceitual dessa obra que transparece um dos mais antigos dilemas do jornalismo mundial: liberdade de imprensa.

Para defender a liberdade de expressão e os direitos individuais dos cidadãos, Edward R. Murrow, (brilhantemente interpretado pelo ator David Strathairn), foi pressionado por patrocinadores e pelo dono de sua própria emissora (CBS), que temiam a veemência das palavras e críticas polêmicas dirigidas ao senador.

Irredutível, o experiente jornalista não retrocedeu em nenhum momento e provou a força e honradez de uma imprensa combativa. A mensagem explicita é um soco no olho do jornalismo bunda-mole que se pratica na maioria das redações atualmente. É isso! Boa noite e boa sorte!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sapatada moral!

A vontade de escrever é maior que a estafa mental que me acomete nesse resquício de 2008. Mas, enquanto os últimos neurônios suspirarem e a telefônica não cortar minha internet eu vou tocando o nosso glorioso Botequim.
E falando em tocar meu caro freguês, a cada dia eu fico mais impressionado com essas pesquisas divulgadas na internet. A última bomba é a seguinte: 46% das americanas preferem ficar sem sexo a estar off-line. Quer prova maior que este Botequim on-line também é instrumento de utilidade pública? Não dá para ficar sem ele, nem fudendo.
Mas cá entre nós, especulações precoces a parte, presenciar um iraquiano ruim de mira é no mínimo contraditório. Tudo bem que o jornalista porra-louca estava para lá de Bagdá, mas o fato é que o Bushinho estava frontal a meta e teve reflexos dignos de Rocky Balboa.

Falando sério, é claro que o sapato não traria graves ferimentos ao insano texano. O que poucos sabem é que mostrar a sola do sapato ao interlocutor é uma atitude ofensiva considerada grave entre os árabes. De qualquer forma, a cena abaixo é emblemática e redesenha todo o repúdio ao presidente mais contestado da história dos Estados Unidos.

Aposto que metade do mundo gostaria de gritar aos quatro ventos: "É o beijo de despedida, cachorro”.

Como diz Marcelo Tas, olha isso:

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Eterno Fenômeno!

Caro Freguês... Parece que foi ontem... No berço do subúrbio carioca nasceu um fenômeno de nome Ronaldo. Talento assombroso, o garoto foi dos campinhos de Bento Ribeiro para o Cruzeiro de Minas Gerais. Arrancadas mortais, dribles humilhantes, controle infalível de bola. Gol a gol, uma estrela se desenhava no olimpo dos Deuses eternos do futebol. Jogo a jogo um menino careca de dentes separados arrastava multidões para o Mineirão nas tardes de domingo.

O Brasil ganhou um novo rei da bola, um xodó, um craque para chamar de seu. Mas os tempos são outros e o capital europeu o levou de nossos gramados por 14 anos. Com a triste partida, faleceram todas as esperanças de reviver os tempos românticos desse esporte bretão. Mas aqui, nessa terra tupiniquim, jamais o esquecemos, pelo contrário, acompanhamos cada passo numa prova de amor incondicional. Tão incondicional que beira o ódio.

Numa simbiose maluca, uma mescla de sentimentos, colocamos sobre as suas costas o peso da derrota de 98. Pusemos sob judice o seu reconhecimento mundial. Falamos mal de seus carrões, de suas mulheres e de seus cortes estranhos de cabelo. Agimos como pais autoritários e repressores. Tomamos a sua vida para nós. Fizemos piada com a sua aparência, com seu estilo de vida, com a sua barriga de chope e com os seus mais conhecidos escândalos.

Nesses momentos, esquecemos que esse menino chamado Ronaldo (como tantos outros por aqui), é um orgulho para o Brasil, um exemplo para o mundo. Mas a nossa ignorância de torcedor insiste em ofuscar a glória do maior artilheiro da história das Copas. Com isso, por vez e outra, apagamos de nossa memória a imagem de um homem, que com o joelho a meia bomba, trouxe de volta a taça que o culpamos de perder quatro anos antes.

Mas, como um dia disse Shakespeare: Na batalha do ódio com o amor a vítima é cúmplice do criminoso. Quer saber a verdade? No fundo sempre o amamos. No fundo ele também se sente amado. Escolheu o Brasil para mostrar os últimos lampejos de sua genialidade e os últimos suspiros de sua carreira como astro de futebol. Eu vou torcer como sempre! Amando ou odiando, sem meio termo... Como os verdadeiros notáveis merecem!

Força Fenômeno!