domingo, 31 de maio de 2009

O Rei e a sensibilidade...

Caro Freguês...
Quantas vezes escutei com certo desprezo as canções de Roberto Carlos? Enquanto isso, meu pai cantarolava com paixão as canções do "Rei". Nos olhos do velho o reflexo da saudade, de um tempo bom que se foi. Se chorou ou se sorriu não se sabe. Mas o certo é que emoções ele viveu. Sonhos, tristezas, alegrias e um turbilhão de sentimentos inexplicáveis no auge dos seus anos dourados. Romântico por natureza, sempre afogou as frustrações em riachos de lembrança. Era como se estivesse a 190 nas curvas da estrada de Santos, onde o tempo é cada vez menor. Hoje, alguns anos mais velho, com um pouco mais de maturidade, consigo entender a conexão entre as letras de Roberto e as saudosas memórias de meu pai. Aprendi a gostar das canções que marcaram meu "velho" definitivamente. Meu pai, um romântico inveterado e enrustido, como este que vos escreve. Traço e herança hereditária e imortal no DNA dos Rogenski.

Obs: Espero que meu pai tenha visto o sensacional especial Elas Cantam Roberto Carlos, show gravado no Theatro Municipal de São Paulo para comemorar os 50 anos de carreira do cantor. Os seus principais sucessos foram interpretados pelas mais belas vozes femininas da música brasileira: Adriana Calcanhoto, Alcione, Ana Carolina, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Fafá de Belém, Fernanda Abreu, Ivete Sangalo, Luiza Possi, Marina Lima, Mart’nália, Nana Caymmi, Paula Toller, Rosemary, Sandy, Wanderléa e Zizi Possi.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um dia cheio!

Despertador que não desperta.
Trânsito recorde em São Paulo.
Pressão no trabalho.
O dinheiro está para acabar.
O Corinthians só empatou.
Não perdi nenhum quilo.
Mas é assim mesmo.
Amanhã tem mais.
Como diria o poeta: Rapadura é doce mas não é mole não!
Ou melhor: A vida é dura só para quem é mole.

Bem que o Chico avisou:

Vai trabalhar, vagabundo
Vai trabalhar, criatura
Deus permite a todo mundo
Uma loucura
Passa o domingo em familia
Segunda-feira beleza
Embarca com alegria
Na correnteza

Prepara o teu documento
Carimba o teu coração
Não perde nem um momento
Perde a razão
Pode esquecer a mulata
Pode esquecer o bilhar
Pode apertar a gravata
Vai te enforcar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai trabalhar

Vê se não dorme no ponto
Reúne as economias
Perde os três contos no conto
Da loteria
Passa o domingo no mangue
Segunda-feira vazia
Ganha no banco de sangue
Pra mais um dia

Cuidado com o viaduto
Cuidado com o avião
Não perde mais um minuto
Perde a questão
Tenta pensar no futuro
No escuro tenta pensar
Vai renovar teu seguro
Vai caducar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai trabalhar

Passa o domingo sozinho
Segunda-feira a desgraça
Sem pai nem mãe, sem vizinho
Em plena praça
Vai terminar moribundo
Com um pouco de paciência
No fim da fila do fundo
Da previdência
Parte tranquilo, ó irmão
Descansa na paz de Deus
Deixaste casa e pensão
Só para os teus
A criançada chorando
Tua mulher vai suar
Pra botar outro malandro
No teu lugar
Vai te entregar
Vai te estragar
Vai te enforcar
Vai caducar
Vai trabalhar
Vai trabalhar
Vai trabalhar

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vencer ou vencer!

A persistência é a tônica do sucesso.
Acredite. Nada vai ser fácil.
Fracassou?
Levante!
Junte os seus pedaços.
Desça novamente para a arena.
Força guerreiro!
Curta Raulzito sem moderação!


segunda-feira, 25 de maio de 2009

Beber no passado...

Se pudesse...
Eu voltaria no tempo...
Para desbravar a geração de meus pais...
Vivenciar a construção de tudo...
Momentos importantes do Brasil...
Anos dourados que não vivenciei...
Outros valores...
Outros padrões estéticos...
Outros movimentos sociais...
Outras concepções artísticas...
Menos tecnologia...
Mais amor...
Pois bem...
Acho que estou enojado com a tal pós-modernidade...
Aproveito para escutar Elis na tela do Botequim...
Debruçado ao balcão...
Bebendo no passado...
Para esquecer o presente...
Recriando na mente...
Emoções que não vivi...

Teoria Luisiana

“Cada gota de chuva que cai aciona o dispositivo câmera lenta da cidade de São Paulo”, frase genial de Luis Moreira, amigo na vida e companheiro de trabalho.

domingo, 24 de maio de 2009

Obrigado Maldini!

A torcida do Milan não vai mais poder embalar o time cantando a famosa canção “Só existe um capitão”. Tudo isso porque o fim de semana decretou também o fim da carreira de uma lenda viva. O craque Paolo Maldini, um dos jogadores mais vitoriosos da história do futebol mundial, pendurou as suas chuteiras. Jogador clássico, inteligente e de muita personalidade, sua trajetória confunde-se com a história recente do poderoso Milan, onde jogou seu pai, Cesare Maldini.

Ainda garoto, com dez anos de idade, Maldini começou a dar seus primeiros chutes no clube. Agora, com 40, o craque dá Adeus aos gramados deixando um legado de 25 temporadas consecutivas, muitos títulos e uma vida de amor e dedicação ao clube rossonero. Maldini talvez tenha sido o último símbolo de uma época romântica para o futebol. Tempos em que os jogadores tinham inabalável identificação com os seus clubes.

Como lembrar o Palestra da academia sem o divino Ademir da Guia? Como não falar do Flamengo de tanta gente e não remontar o esquadrão capitaneado por Zico, o nosso galinho de quintino? Como filosofar o Timão da democracia sem o Doutor Sócrates? Como imaginar o Santos sem Pelé, o maior de todos os tempos? Pois é exatamente isso que Paolo Maldini conseguiu: atingir o olimpo dos ídolos intocáveis no coração da torcida.

Certamente se eu não vi jogar nem metade dos jogadores que citei, no futuro meus filhos também vão saber de cór e salteado a trajetória de Paolo Maldini, um legado que transpõe gerações.

Dinastia dos Maldini
Depois de Cesare e Paolo Maldini, o Milan já sinalizou que poderá retirar a camisa de número 3 de circulação para que ninguém mais a use, a menos que outro Maldini jogue pelo clube. Cabe lembrar que os dois filhos de Paolo já treinam na base do Milan: Christian, que joga nos infantis do clube e o mais novo, Daniel, que tem entre 6 e 7 anos. Pelo visto, ambos levam jeito, basta ver abaixo o carrinho perfeito de Daniel para desarmar o meia Seedorf. Sensacional!

terça-feira, 19 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sono da manhã...

Foto de Carlos Zev Solano
Dia de rodízio do carro...Chego cedo para mais um fechamento na redação... O trânsito rompe qualquer distração apaixonada pela lembrança... A saga do cotidiano dilacera qualquer preguiça... A pressão estimula a adrenalina e dá sinal verde ao stress... Mas... Um dia eu realizo meu sonho... Farei como Chico Buarque... Desprezarei o peso dos prazos... O aperto da gravata... Pelo menos por um dia...No colo da bem vinda companheira... No corpo do bendito violão...

“... Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente ainada se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna, a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar...”
Trecho da canção Samba e Amor, de Chico Buarque

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Nilmaravilha! O dia em que a zaga parou!

Por incompetência administrativa o Corinthians perdeu Nilmar, um dos melhores atacantes do Brasil. O clube pagou 8 milhões de euros e ficou sem o jogador, que fez as malas e rumou para as suas origens coloradas. Ontem, em pleno Pacaembu, onde um dia fez sua morada, Nilmar foi o fenômeno da vez. Em lance genial, desconcertou a zaga como um tornado desvairado e arredio. Pintou o sete sob o olhar atônito e apaixonado da fiel, que até hoje sonha e namora com seus gols.

Com a velocidade de um Bugatti Veyron, Nilmar rompeu a zaga alvinegra e fuzilou o goleiro Felipe, que nada pode fazer. Na dança envolvente e sedutora de seus dribles, bailaram meia dúzia de "Joãos" dos novos tempos. Ágil e inteligente, Nilmaravilha fez gol de cinema. Portanto, senhoras e senhores, antes de abrir este vídeo, preparem aquela pipoca bacana e um bom copo de refrigerante da melhor qualidade. O ingressou já valeu a pena.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Arte de renascer!

Nascido no pensamento coletivo da noite...
Sob a luz de lampiões...
Sob o brilho do cometa Halley...
O time do povo avista a mais bela aurora.
Do preto e do branco nasceu o cinza.
Das cinzas renasceu um fenômeno.

Parabéns Corinthians, Campeão Paulista!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Senna do Brasil!



Na infância, na casa de minha avó, me recordo de brincar de Fórmula 1 usando a tampa da panela como volante. Ainda lembro... Minhas corridas virtuais tinham narração própria. “Ayrrrrrrrrrrrton Senna do Brasillllllllllllllllll!”. No imaginário, o tema da vitória iluminava a minha fantasia, que ia muito além das manhãs de domingo.

Apesar de tudo isso, com apenas 10 anos de idade, eu não fazia a menor idéia de quem era o piloto Ayrton Senna. Muito menos a figura humana Ayrton Senna. Hoje, depois de ter lido, pesquisado e assistido uma infinidade de corridas e entrevistas, faço um pouquinho mais de idéia de quem foi este gênio.

Por isso, meus caros fregueses, depois deste 1º maio, dia em que nosso herói foi traído pelas curvas sinuosas de Ímola há 15 anos, ofereço a vocês este trecho de uma crônica de Armando Nogueira intitulada “Eles são reféns da glória”. Apreciem sem moderação.

“... Ele e a máquina viviam as mil maravilhas. Eram duas almas irmãs. Juntos, sempre, compartilhavam o prazer de desafiar, ao mesmo tempo, a vida e a morte. Nós, o coração pulsando, seguíamos com angústia e orgulho aquela ousada porfia. Vibrávamos como se fosse um faz-de-conta. Como se não fosse uma louca aventura.

É certo que ele nunca perdia a lucidez. Tinha o sangue-frio dos eleitos de Deus. No instante do perigo, sobrevinha uma centelha para salvar-lhe a vida. Sempre com a ajuda fraternal da máquina, seu passatempo preferido.

E assim viveram anos. Até que um dia, dizem, a máquina o traiu, brutalmente. Não creio. Até onde sei, a traição é um tenebroso privilegio somente dos homens; não das coisas. O predestinado parece ter sido traído pela própria vida. Morreu de um golpe que ela já vinha tramando para ele, há tempos.

A vida deu-lhe fama, deu-lhe fortuna. Glorificou-o. E quanto mais lhe davam em justas reverências, mais o afastávamos da humana condição. A tal ponto que nosso herói, Ayrton Senna, já não tinha mais, sequer, o direito de ter medo. Como qualquer criatura de Deus.


Senna tinha o olhar solitário do menino filho único. Mas era destemido. E ai dele se não fosse. Seria deserdado da glória. Ele adivinhou a tragédia. Na véspera, teve maus pressentimentos. Uma voz secreta lhe avisara, na solidão do hotel, que alguma coisa de ruim podia lhe acontecer na pista sinistra de Ímola. E por que não desistiu?

Senna sabia que ninguém o perdoaria. Afinal, o verdadeiro herói deve sentir-se exatamente como nós o sentimos: imortal. Eles são reféns da glória. Vivem sufocados pela tirania da alta performance. E lá se vai o nosso super-homem vertiginoso para o desafio de ultrapassar o tempo, numa competição que dá ao homem, por prêmio maior, a própria morte...”