segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ideologia sim! Hipocrisia não!


Caro freguês (a),
Recebi uma destas correntes de e-mail criticando Cazuza e decidi responder aqui no Botequim. Não sei se a autora do texto é real, mas o fato é que muita gente concorda com ela. Eu não! Abaixo o texto e em seguida a minha opinião. Espero que coloquem a opinião de vocês neste balcão assaz democrático.

"Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta. São esses pais que devemos ter como exemplo? Cazuza só começou a gravar pois o pai era diretor de uma grande gravadora. Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante. Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não. Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou. Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria? Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor. Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissesem NÃO quando necessário? Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser amigo de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre."
Karla Christine
Psicóloga Clínica

Agora é minha vez. Para começar o discurso da tal psicóloga é moralista e totalmente arbitrário. Cazuza pode ser admirado e contemplado enquanto artista em essência. Não nos cabe julgá-lo como “marginal”. A autora fala em ser correto, mas ser correto é interpretativo. Quando Cazuza cantarolou “Meu heróis morreram de overdose e meus inimigos estão no poder”, ele quis dizer outra coisa. A mensagem não tem cunho moral, mas sim um posicionamento político. Ele quis dizer que os rockstars mal-encarados e drogados, com toda a sua imagem contraditória, eram mais puros do que os políticos que usam terno e gravata. Políticos que prezam a postura de “corretos” e estão por aí metendo a mão no dinheiro do povo. Isso é um alerta! Cazuza era inteligente, criativo e irreverente, independentemente das merdas que fazia na vida. Não se pode interpretar tal artista ao pé da letra. Além do mais, essa ladainha de que “Precisei conversar muito para que meu filho não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas”, é uma argumentação inocentemente frágil. Músicas e filmes com caráter político e contestador não devem ser vistos por pais e filhos que não tenham o mínino de senso a respeito do que venha a ser uma mensagem subliminar. O povo precisa de mais inteligência, educação e arte e menos hipocrisia. Ideologia! Eu quero uma pra viver!

3 comentários:

Luís Henrique Moreira disse...

O que será que ela esperava de um filme do Cazuza? Com certeza, foi predisposta a apenas ter mais argumentos como respaldo para seu texto revoltado contra o cara.

A história da filha, além de frágil e inocente, parece é bem mentirosa, pq o mínimo que se podia se esperar de um filme dele era este tipo de coisa, a não ser que ela tenha vivido num casulo enquanto o Cazuza fazia sucesso.

Ou também, ela teve que conversar com a filha para explicar a burrice em tê-la levado para assistir um filme tão porco de um ídolo que vivia às margens da sociedade, segundo ela própria.

Vai saber...

Em tempo: Boa garotinho!!!!

Gomão Ribeiro disse...

Sinceramente é melhor não levarem filhos,sobrinhos,primos,tios,enfim qualquer um para o consultório da tal figura.Vai lá saber que lavagem cerebral estará a figura preparando para seus pacientes/clientes ou clientes/pacientes ou seja o raio que for.

Roberto, Sempre Flamengo! disse...

Quem critica o Cazuza pela pessoa que é, o sujeito tem que ser perfeito, nunca ter errado na vida, em minha volta vejo muitas pessoas serem “marginais” (eu mesmo nunca fui santo) e ao mesmo tempo serem respeitadas pela sociedade, Cazuza é ídolo sim pelo belíssimo trabalho que ele fez pela musica brasileira, sobre o seu comportamento extra palco, prefiro não discutir para não ser hipócrita.
Tinha que ser psicólogo pra falar merda assim, todo psicólogo não suporta Cazuza ou Raul Seixas, mas quando estão na faculdade de psicologia dá um tapinha no baseado, enchem a cara até vomitar e se consideram intelectuais.